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MITOLOGIA EGIPCIA

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    sexta-feira, abril 14, 2006
    Como em todas as civilizações antigas, a Cosmogonia ocupa a primeira parte dos textos
    sagrados egípcios, tentando explicar com a fantasia e o relato milagroso tudo quanto se escapa do reduzido âmbito do conhecimento humano. Para os egípcios, como para o resto das grandes religiões, a criação do Universo faz-se de um único ato da vontade suprema, a partir do nada, da escuridão, do caos original. O seu criador chama-se Nun e era o espírito
    primigênio, o indefinido ser que tinha tomado o aspecto do barro. Este barro que aparece com tanta freqüência em todas as mitologias junto dos parágrafos das criações de deuses e de homens, a matéria-prima por excelência dos oleiros e (por assimilação) a matéria lógica para os deuses criadores, não era senão a terra e a água próximas dos antigos povoadores do mundo. Por isso o barro Nun foi o berço espiritual, a primeira força em que ia tomando forma o novo espírito da luz, Ra, o disco solar, pai de tudo o que habita sob os seus raios. Da vontade de Ra vão nascer os dois primeiros filhos diferenciados da divindade: são
    Tefnet e Chu.
    Ela é a deusa das águas que caem na terra e ele é o deus do ar, e os dois filhos estarão com o grande pai Ra no firmamento, compartilhando a sua glória e o seu poder e ajudando-o na longa e eterna viagem. Mas também Chu e Tefnet vão continuar a obra iniciada por Ra, criando da sua união outros dois novos filhos, os dois sucessores da última geração
    celestial: o deus da terra Geb, e a sua irmã e esposa, a deusa do céu Nut, para que eles relevem à primeira geração e criem a terceira, a que vai estar na terra do Egito.
    Os filhos de Geb e Nut, os quatro filhos do Céu e da Terra, dois homens e duas mulheres
    (embora haja versões que dão um quinto filho, chamado Horoeris), formam a primeira
    geração de seres que vivem no solo do Egito, os quatro primeiros deuses que se ocupam dessa terra escolhida e que velam por ela, ou que entram no mundo egípcio para completar o binômio do bem e do mal, da vida e da morte. O primeiro dos homens e o mais velho dos
    quatro, Osíris, é o deus da fecundidade, a divindade que representa e sustenta a continuidade da natureza; ele é quem faz nascer a semente, quem a amadurece e quem agosta os campos; Osíris é o princípio da própria vida. Ísis, a sua irmã e esposa, reina em igualdade sobre o extenso domínio do Nilo, em perfeita harmonia com o seu irmã o, formando o casal positivo do binô mio.
    Se Osíris se encarrega de proporcionar a vida aos humanos, Ísis está sempre à frente, após a invenção de todas as artes necessárias para desenvolver a vida, desde a moagem do grão até às complexas regras e leis da vida familiar. Neftis, a segunda irmã e a mais pequena de todos, não podia ter a sorte de Ísis, a sorte de ser esposa do bom e belo Osíris; por isso Neftis ficou à margem da felicidade; também por isso era a representação do resto do país
    útil, a deusa das terras menos felizes, as terras secas junto dos campos de cultivo; as parcelas de sequeiro que não tinham a sorte de ser regularmente inundadas pela água e pelo limo do rio nas suas cheias anuais.
    Set, o segundo homem e o terceiro dos filhos, é a criatura que pressagiou o seu destino ao nascer prematuramente, dado que abriu o ventre da sua mã e Nut, fazendo-a sofrer cruelmente; Set é o deus da maldade, o espírito negativo e o representante do
    deserto sem vida, a personificação da morte.
    Naturalmente, Set odeia desde a infância o primogênito Osíris; esta é a fábula constante do
    bom irmão diante do mau; é a lenda exemplificadora do mau assassinando o bom, tentando
    evitar a sua clara superioridade, tentando apagar com a morte a distância entre ambos. Mas
    continuemos com a história dos quatro filhos de Geb e Nut, e digamos que Set casou com a
    sua irmã Neftis, mantendo a tradiçã o iniciada pelos seus antecessores divinos. Mas Neftis foi
    esposa do malvado Set também mau grado seu, porque ela amava Osíris, e deste casamento
    nã o surgiu nenhum filho, porque Set tinha que ser forçosamente estéril pela sua maldade. Mas
    nã o sucedeu a mesma coisa com Neftis, dado que ela sim, conseguiu ter um filho e,
    precisamente um filho de Osíris. Para conseguí-lo, embebedou o seu irmã o e deitou-se com
    ele. Esse filho nasceria mais tarde e seria conhecido com o nome de Anúbis. Neftis amava
    tanto Osíris e tanto desprezava o seu marido que, quando se produziu o seu assassínio, a boa e
    infeliz Neftis fugiu do seu perverso marido, para poder estar ao lado do amado, junto da sua
    irmã Ísis, ajudando-a no embalsamamento. Após aquele momento, Ísis e Neftis
    permaneceriam sempre unidas à morte, acompanhando o piedoso defunto na sua sepultura,
    para proporcionar-lhe a ajuda que necessitasse no outro lado da morte. Ao assassinar Osíris,
    Set só conseguiu divinizar ainda mais o seu odiado irmã o, porque o Osíris triunfante sobre a
    morte ia estabelecer-se como a personificaçã o divina do ciclo, e voltaria a nascer e morrer
    eternamente, reinando na vida eterna do céu e deitando sobre o seu traidor irmã o na terra, ao
    ficar com as suas posses e ser a figura amada pelas duas irmã s Ísis e Neftis, a figura adorada e
    homenageada por todos os egípcios, a divindade bondosa que governava as estações e o
    benéfico Nilo em proveito dos homens.
    Nã o foi demasiado difícil a Set terminar com a vida do seu bom irmã o, o grande rei Osiris,
    apesar da constante vigilância que Ísis mantinha sobre as suas idas e vindas, dado que ela sim
    conhecia bem o seu malvado irmã o e nã o confiava de maneira nenhuma nas suas artes.
    Depois de tentar uma e outra vez assassiná-lo sem ê xito, finalmente Set tramou um plano que
    lhe permitia iludir Ísis e assim mandou construir uma caixa muito rica e bela, com o tamanho
    exato do seu irmã o. Com a caixa em seu poder, Set organizou uma grande festa, à qual
    convidou Ísis e Osíris, junto com outras setenta e duas personagens, que nã o eram outras que
    os seus aliados no sinistro plano. Terminada a festa, Set comentou que tinha idealizado um
    jogo, que consistia em ver quem de todos os presentes cabia melhor naquela magnífica arca, e
    para o feliz tinha reservado um grandioso prê mio. Os convidados provaram sorte, mas
    nenhum dava o tamanho adequado, de maneira que chegou a vez de Osíris e ele sim, enchia
    completamente o buraco da caixa. Mas nã o havia tal prê mio; os presentes lançaram-se em
    tropel e encerraram o rei dentro dela; depois lançaram-na ao Nilo e o rio arrastou a caixa e a
    sua carga para o mar. Ísis saiu em perseguiçã o do baú e Neftis uniu-se ela rapidamente na
    procura, enquanto Set e as suas seis dúzias de cúmplices celebravam precipitadamente a
    suposta vitória do usurpador. As duas irmã s entretanto, encontraram a caixa onde Osíris tinha
    sido encerrado e comprovavam que já era simplesmente um cadáver. Com os seus tristes
    lamentos e prantos, as irmã s comoveram os deuses e estes decidiram trazer de novo à vida ao
    infeliz Osíris, mandando-as que amortalhassem o seu corpo embalsamado em ligaduras,
    dando assim a pauta para o posterior rito funerário, ou que reunissem os seus restos para
    poder insuflar de novo a vida no seu destroçado corpo, segundo a versã o correspondente.
    Também se conta, em outros relatos sagrados, que a arca tinha saído para o mar quando Ísis
    chegou à foz do Nilo, e só terminou a sua viagem na muito longínqua costa da Fenícia, indo
    de encontro a um tronco que crescia à beira do Mediterrâneo, muito próximo da cidade de
    Biblos. a árvore, milagrosamente, cresceu num instante, englobando o féretro flutuante no seu
    tronco para dar-lhe o último abrigo. Movido pelo destino, o rei de Biblos viu aquela
    gigantesca árvore e mandou cortar o seu tronco e com ele ordenou construir uma coluna para
    o seu palácio. Mas Ísis soube também do portentoso fato e empreendeu a viagem até chegar à
    cidade de Biblos, onde pediu ser recebida pelo rei, para fazer-lhe saber a razã o da sua penosa
    expediçã o. O rei ouviu o relato da rainha e ordenou imediatamente que lhe fosse devolvido o
    caixã o onde repousavam as restos mortais do bom Osíris. Concedido o seu desejo e com o
    caixã o em seu poder, regressou sigilosamente para o Egito, nã o sem antes tentar ocultar o
    cadáver do infeliz esposo da maldade de Set. Mas Set, senhor da noite e das trevas, deu com
    ele e voltou a tentar terminar com a ameaça que Osíris representava, fazendo com que os seus
    restos fossem dispersos por todo o imenso e intransitável delta do grande rio. De novo Ísis
    empreendeu a procura dos restos de Osíris nos pântanos do Nilo e, um a um, reuniu outra vez
    o cadáver. Quando os conseguiu, tomou a forma de uma grande ave de presa e pousou-se
    sobre os despojos, batendo as suas asas até que com o seu ar benfeitor insuflou uma vida
    renovada em Osíris. O esposo ressuscitado tomou-a e a boa Ísis ficou grávida de Hórus, o
    filho que teria de vingar o pai assassinado e restauraria a ordem divina no Egito. Mas,
    enquanto chegava o momento do nascimento de Hórus, Ísis ocultou-se de Set nos pantanosos
    terrenos do delta do Nilo.
    Osíris retornou ao reino dos mortos, mas já tinha deixado a sua semente em Ísis e dela nasceu
    felizmente Hórus em Jenis. Com a presença devota da sua mã e foi educado no maior dos
    segredos, preparando-se com esmero e paciê ncia o sucessor do rei assassinado no seu
    esconderijo do Delta, enquanto a mágica Ísis o cobria com a impenetrável couraça dos seus
    conjuros, esperando até que chegasse a hora da vingança definitiva. E esta hora chegou, mas a
    luta entre Set e Hórus seria longa e angustiosa; uma briga que aparecia nã o ter fim, na qual
    um e outro infringiam tanto mal como o que recebiam do seu adversário. Tã o penoso era o
    combate que Tot, o deus da Lua e a divindade da ordem e a inteligê ncia, se apiedou dos
    combatentes e interveio para mediar na disputa, levando a ambos perante o tribunal dos
    deuses e fazendo comparecer também Osíris, para que todos pudessem ouvir as razões de um
    e dos outros. O tribunal sentencia que, na causa entre Set e Osíris, seja Osíris quem recupere o
    reino que teve em vida, e acrescenta à sua coroa a parte do país que originalmente
    correspondeu ao seu irmã o e assassino. Na longa e controversa vista da briga entre Set e
    Hórus, que durou nada menos que oitenta anos, os juízes celestiais terminaram por sentenciar
    o pleito sobre os direitos sucessórios a favor de Hórus. O filho póstumo de Osíris recuperava
    o que correspondia pela sua linhagem: a sucessã o no trono de Egito. Assim, o filho era
    reconhecido pela divindade como soberano indiscutível, dentro da tradiçã o clássica que
    adjudicava aos reis e aos reinos um sentido de vontade divina. Por estas duas sentenças Set
    perde o seu poder, conquistado com enganos, mas nã o é castigado senã o afastado do mundo;
    Set passa a ser também uma divindade necessária ao ser acolhido por Ra, divindade solar,
    para que se ocupe nos céus de alternar a noite com o dia e deixe que sejam os reis os que
    governem sobre a terra. Hórus, por sua vez, engendra quatro filhos: Amsiti, Hapi, Tuemeft e
    Kevsnef; embora nã o se especifique com exatidã o quem pode ser a mã e, se é que existe tal
    (há quem dizem que sã o filhos de Hórus e da sua mã e Ísis). Estes filhos, que acompanharã o
    Osiris nos julgamentos aos mortos, também cuidam dos quatro pontos cardeais e se ocupam
    de velar pelas necessidades e pela saúde das entranhas de Osíris.
    Como costuma contar-se em todos os mitos, uma vez passada a primeira época de harmonia,
    as criaturas terrestres, os seres privilegiados criados pela simples vontade de Ra, deus
    supremo, levantaram-se contra o seu senhor. Eram as sucessivas lutas à morte entre os
    inimigos da terra e as comitivas celestiais, lutas tã o ferozes que foram desgastando as energias
    de Ra, até o fazer perder a sua força e babar. Com essa baba caída da sua boca, Ísis formou
    um barro e com ele construiu o áspide que -colocado no caminho do deus- envenenou Ra.
    Feito isto, Ísis apresentou-se diante do ferido, prometendo o antídoto em troca de que a
    divindade revelasse o seu nome secreto. Ra resiste enquanto pode agüentar a dor terrível, e
    trata em vã o de esquivar a resposta, pois sabe que o nome da coisa e o poder sobre ela sã o
    uma única coisa. Mas afinal, vencido pela crescente dor, Ra tem que aceitar e dizer ao ouvido
    de Ísis esse nome que agora também ela vai conhecer, comunicando-lhe com esse ato a sua
    força total. Uma vez vencido por Ísis, o enfraquecido Ra vai ser também o alvo de outros
    ataques dos seres humanos, e a sua vingança, através da deusa Sekhmet, a mulher-leoa que
    encarnava a guerra, é tã o terrível que quase termina com a humanidade, embora seja maior o
    amor que sente pela sua obra criadora, apiedando-se dos açoitados humanos justamente a
    tempo, ao enviar uma chuva de cerveja vermelha que cobre toda a superfície do planeta,
    confundindo Sekhmet, que a toma por sangue e trata de saciar a sua sede de morte com ela,
    embriagando-se com o vermelho líquido de tal maneira que deixa de executar a sentença de
    morte que Ra tinha decretado para os humanos. Depois deste ato de compaixã o para com os
    seus desagradecidos filhos da Terra, Ra retira-se para sempre de todo o relacionado com os
    assuntos de governo, cedendo ao filho do seu filho Chu, o bom Geb, representante divino do
    planeta, o poder sobre o globo terrestre e quem sobre ele habita, pessoas, animais ou vegetais,
    mas sem o abandonar à sua sorte, dado que Ra se compromete a ajudá-lo com os seus
    conselhos e perpétua vigilância.
    Já conhecemos Tot quando interveio nos pleitos divinos entre Osíris, Hórus e Set, levando a
    sua arbitragem ao tribunal dos deuses, mas fica por definir a sua origem, o seu poder, dado
    que ele era o ser que reinava sobre todo o Universo com a sua sabedoria e punha nele a
    ordem. O grande Tot é identificado com a posse de todos os conhecimentos mágicos e
    considerado inventor da palavra, criador da escritura, o ser superior que manejava os
    conceitos e possuía, pois, o poder sobre os seres e as coisas inanimadas. Por essa ordem, era o
    deus natural dos muito importantes e onipresentes escribas de Egito, o grupo dos mais
    significados funcionários de todo o reino, dos homens que contavam e relacionavam todos os
    atos, os que catalogavam as posses de reis e senhores, e os que narravam as crô nicas de cada
    época. Tot, por sua parte, estava encarregado, como escriba, em fazer a relaçã o dos reis
    presentes, passados e futuros. Ele conhecia o destino dos rebentos reais e apontava qual deles
    reinaria pela vontade dos deuses sobre todo o império do Nilo e quanto duraria o seu feliz
    reinado. Tot determinava assim tudo o que estava escrito (pela sua própria mã o) que devia
    suceder, ele era a personificaçã o do destino omnisciente. Desposado com Maat, deusa da
    justiça e filha de Ra, formava um casal que compreendia todo o âmbito da justiça, pois ele
    exercia-a sobre os deuses e os seres vivos, e Maat presidia o julgamento dos mortos, junto
    com Osíris. Também se apresenta Tot casado com outras duas esposas de ascendê ncia divina,
    Seshet e com Nahmauit, e era considerado o pai de outros dois deuses menores, Hornub, filho
    havido com a primeira, e NeferHor, na sua uniã o com a segunda, e gozava de um mê s com o
    seu nome, consagrado a ele, situado no princípio de cada ano.
    Se importante era a alma universal de Tot, Amon converteu-se no rei dos deuses a partir da
    capitalidade de Tebas, no poder divino aos faraós e no deus único e oficial do Egito,
    substituindo-se a partir do trono o culto ao cansado e enfraquecido Ra no transporte do disco
    solar ao longo do arco celestial. Amon, com um critério coerente com a importância do astro
    solar, passou a ser o deus da vida, da criaçã o, da fertilidade. Quando desaparecia no céu
    visível, Amon passava a iluminar a noite dos mortos, o outro lado da vida. Depois, com o
    reinado de Amenofis (auto-batizado Akhaenaton), Amon foi substituído por Aton, um
    derivado do deus criador, Atum, que doador da vida original foi converter-se na representaçã o
    do sol de Poente e de lá, por vontade do faraó, no deus único. Mas ainda mudando de nome
    continuava a ser o mesmo deus solar, e pouco custou -após a morte do herege rei Akhaenaton-
    devolver-lhe o velho nome e as antigas atribuições, para recuperar a sua identidade inicial de
    Amon e ultrapassar os limites do império egípcio, sendo adotado como deus supremo nos
    povos vizinhos da Líbia, Núbia e Etiópia, convertendo-se em deus oracular no seu grande
    templo situado no meio das arenas desérticas da Líbia. O grande Amon, casado com a deusa
    Mut, teve um filho, Jons, que passou de ser uma divindade lunar secundária para converter-se
    em permanente acompanhante do seu pai nas diárias travessias a bordo da barca solar. Com
    Mut e Jons, completa-se o panteã o tebano e fecha-se completamente a sagrada trindade dos
    deuses de Tebas, à semelhança do trio formado por Osíris, Ísis e Hórus.
    Se grande era o poder dos deuses e quase tanto o dos seus designados, os faraós, o mundo da
    morte era, em definitiva, o que governava a vida dos humanos, dado que toda a vida se
    orientava a cumprir com o custoso rito do enterramento, da preservaçã o do corpo do defunto e
    do reuniã o dos muitos bens que deviam acompanhá-lo na sua marcha para a vida eterna. Além
    de todo este cortejo de móveis, barcas rituais, imagens do morto, efígies dos deuses menores e
    maiores, alimentos, livros de orações e conselhos, devia permanecer o corpo, tã o intacto como
    se soubesse fazer, porque ainda nã o se tinha chegado a abstrair a idéia da "alma", e só se
    identificava a possibilidade da vida após a morte com a conservaçã o do aspecto humano. Por
    isso, nos enterros mais privilegiados conservavam-se embalsamadas por separado, junto da
    múmia igualmente embalsamada, as vísceras do defunto, dado que nã o resultava possível,
    pela sua rápida deterioraçã o, mantê -las dentro do cadáver. Aqui desempenhavam um papel
    decisivo os quatro filhos de Hórus, dado que -como faziam com as entranhas de Osíris - eles
    cuidavam do bom estado das vísceras humanas e as protegiam de qualquer perigo que pudesse
    ameaçá-las. As quatro repartiam as suas funções da seguinte maneira: Amsiti estava ao
    cuidado da vasilha que continha o fígado; Hapi velava pela urna onde se encontrava o
    pulmã o; Tuemeft vigiava o estô mago do defunto; e, finalmente, Kebsnef cuidava do vaso no
    qual se conservavam os intestinos. Mas os quatro filhos de Hórus nã o estavam sozinhos
    nestas transcendentais tarefas de ultra-tumba, dado que Ísis acompanhava Amsiti; Neftis
    estava com Hapi; Tuemeft cumpria a sua missã o junto de Neith, a deusa das águas do Nilo; e
    Selket, divindade do Delta e que tinha criado o grande Ra, estava com Kebsnef.
    Osíris, com Hórus, Tot e Maat e os seus quarenta e dois assessores especializados nas
    quarenta e duas faltas que deviam ser calibradas, (sete vezes seis, um número duplamente
    mágico), presidia as cerimô nias do estrito julgamento dos mortos. Ante ele eram pesadas as
    boas e as más obras do defunto, a alma ou resumo da sua vida, e julgava-se essa relaçã o de
    pecados ou virtudes. Mas nã o terminava o trâmite com a pesagem e defesa do defunto; após
    essa primeira parte, se passava a contrastar se o exposto tinha sido certo e tudo o julgável
    tinha sido trazido à luz. A veracidade do julgamento da alma era verificada com a pesagem
    minuciosa e precisa do coraçã o, colocado na balança diante de uma leve pena, e bastava que
    esse coraçã o fosse o que inclinasse a balança para o seu lado para que se condenasse o morto
    na verdadeira prova final, sendo condenado a padecer todos os sofrimentos possíveis,
    imobilizado na escuridã o da sua tumba ou imediatamente o seu corpo devorado por uma
    aterradora divindade, Tueris, uma criatura com cabeça de crocodilo e corpo de hipopótamo
    que aguardava pacientemente o mentiroso. Se tudo estava a favor do defunto, Osíris
    premiava-o com o renascimento e a passagem para a vida eterna. Mas junto dele estavam
    outras duas divindades especializadas no ciclo da morte: Anúbis, filho de Neftis e Osíris,
    embora criado e educado por Ísis, e Upuaut, um antigo deus da guerra. Os dois aparecem
    sempre com cabeça de chacal, ou de cã o (especialmente Anúbis) acompanhando Osíris no
    transe do julgamento como seus primeiros auxiliares. Eram dois seres acostumados a cuidar
    dos mortos, um por ter ajudado no seu dia a embalsamar o cadáver de Osíris, e o outro por ter
    tido que fazê -lo em tantas ocasiões, quando guiava as expedições guerreiras e devia cumprir o
    ritual com os seus guerreiros falecidos em combate.
    Embora fundamental para a vida em Egito, o grande rio, o Nilo, nunca chegou a ter uma
    divindade que o representasse no panteã o nacional em igualdade de condições com os outros
    deuses, e só contou com o deus Hapi, que nã o era o mesmo que oficiava como filho de Hórus,
    dado que este tinha rasgos híbridos de mulher e de homem e luzia roupas de barqueiro do rio,
    tendo a sua morada numa caverna próxima da primeira catarata, a mais de mil quinhentos
    quilô metros da foz. Outras partes do rio tiveram quase mais importância do que Hapi, como
    foi o caso da grande corrente de água que conformava o rio - Satis - representada por uma
    mulher tocada com a tiara branca do alto Nilo e o arco e as flechas nas suas mã os, que era
    esposa da divindade da primeira catarata - Jnum - um deus com cabeça de carneiro, embora
    haja que precisar que foram quatro os diferentes Jnum venerados sobre as águas do Nilo.
    Também era esposa do Jnum da primeira catarata a deusa Anukit, a divindade que
    representava o estreitamento do rio à sua passagem pelas gargantas rochosas de Filae e Siena,
    ou o deus dos lagos -Hersef- que aparecia aos homens com o corpo de um homem e a cabeça
    de um borrego. Sabek, com cabeça de crocodilo, era a divindade das inundações benfeitoras,
    filho da deusa Neith, protetora das terras fecundas do Delta. Para as terras secas do Egito
    existia também uma divindade masculina específica, Minu, relacionada com a proteçã o dos
    viajantes que cruzavam as solitárias e calorosas arenas do deserto, e também encarregado da
    fecundidade dos campos e do gado. Nejbet, como mulher tocada com a tiara branca, ou em
    forma de abutre que voava sobre a cabeça dos reis, era a deusa protetora do Alto Egito.
    Hathor, além de ser a vaca criadora de tudo o visível e a protetora das mulheres e a
    maternidade, também estava situada no limite entre as terras férteis e as secas, oferecendo das
    figueiras a água e o pã o aos mortos que se aproximavam do seu terreno para fazer-lhes saber
    que eram bem-vindos.
    Se a alegre e feliz Hathor tinha a forma de uma vaca, o seu animal companheiro devia ser o
    muito relevante deus Á pis, o boi divino adorado desde os primeiros tempos da existê ncia do
    Egito, embora nã o chegasse à sua categoria celestial. Nã o é de admirar esta representaçã o
    animal dado que todos os deuses egípcios tinham uma característica animal que geralmente
    portavam nas suas figurações em lugar da cabeça humana, quer fosse uma de falcã o, como no
    caso de Hórus; de chacal ou cã o, como a que distinguia Anúbis; de leoa, como a que
    personificava a deusa Sekhmet; de vaca, como às vezes levavam Ísis e Neftis; de bode, como
    podiam luzir Ra e Osíris; a cabeça de gato que diferenciava Bast e Mut; a de ganso que era a
    de Amon; o íbis e o macaco que encarnavam o supremo Tot; o escorpiã o que representava o
    espírito da deusa Selket, ou o fê nix triunfal, que era a melhor forma de dar a conhecer a
    eternidade da alma dos dois grandes deuses Ra e Osíris. Mas o boi Á pis era um verdadeiro
    animal, selecionado entre os seus congê neres de acordo com umas marcas sagradas que
    deviam exibir, para servir de centro do seu culto; era cuidado no seu templo de Mê nfis
    durante vinte e cinco anos, se chegasse a alcançar tal idade, depois era afogado e mumificado,
    para dar lugar ao seu sucessor. Mas junto da magnificê ncia do boi Á pis, nã o há que esquecer
    o escaravelho sagrado, o Jepri, representaçã o viva e múltipla do deus do sol e venerado em
    todos os cantos do Egito, sendo uma das representações mais freqüentes da divindade solar,
    que faz parte essencial da civilizaçã o egípcia e que está imortalizado entre os signos
    escolhidos para a linguagem escrita.
    Como pudemos ver, na envolvente da muito importante civilizaçã o egípcia se gera grande
    parte dos conhecimentos que vã o fazer parte das culturas mediterrâneas. Como é natural,
    também no Egito nascem grande parte dos mitos recolhidos posteriormente pelos povos
    próximos, por hebreus e cristã os na Bíblia e pelos muçulmanos no Corã o. Egito é o berço da
    gê nese hebraica, é a primeira cultura que trata de sintetizar a criaçã o do mundo e o seu barro
    original, é aceita para explicar também os diferentes credos que se elaboram a partir do seu.
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    Egito é, sobretudo, o berço indiscutível do monoteísmo, do futuro deus único; do Egito, esta
    proposta sai para o norte com os hebreus que viviam e trabalhavam para os faraós; os cristã os
    retomam-na e os muçulmanos elaboram-na com novos dados, conservando o núcleo dos
    relatos bíblicos e acrescentando os elementos cristã os posteriores na sua singular recopilaçã o
    do relato dos livros santos; também lá, com Set e Osíris, está a origem do mito de Caim e
    Abel como o vai estar o de Maria, nos primeiros séculos do cristianismo, da diocese de
    Alexandria, como mã e do menino Jesus, à qual se passa a denominar Rainha dos Céus,
    aproveitando o fervor que esta imagem levanta nos fiéis egípcios, mantendo-a igual a Ísis
    quando era adorada com o seu filho-irmã o Osíris nos braços como prova do seu contínuo
    renascimento. Ainda mais importante: a vida depois da morte é outra das grandes idéias,
    talvez a fundamental, sobre as quais gira o espírito religioso egípcio, e essa promessa de vida
    eterna de uma melhor vida para os justos.
    Se se quer encontrar a melhor aportaçã o da mitologia egípcia às religiões posteriores, há que
    procurá-la na grande esperança que implica o seu sistema de julgamento dos seres humanos.
    A recompensa imensa que os sucessivos deuses únicos (Jeová, a Trindade, Alá) vã o oferecer
    aos hebreus, aos cristã os e aos muçulmanos, é a mesma que se descreve no Egito com o relato
    do julgamento de Osíris e a possibilidade da eternidade feliz; ao sair do seu contexto
    faraô nico original democratiza-se e torna-se acessível a todos os fiéis por igual, ou mais
    concretamente, é oferecida com maior segurança a quem mais sofre, a quem menos possuí e
    desfruta nesta vida terrena, sendo a de Osíris a primeira idéia que o homem forja sobre a
    existê ncia de um ser superior que tem que julgar os méritos e deméritos de cada um de nós.
    Com Osíris estã o os seus quarenta e dois assessores, e deles nasce e fortalece-se a idéia do
    pecado estabelecido, a regra da religiã o exata e canô nica, que toma corpo nos livros que no
    futuro querem ser norma inapelável. Para os cristã os, as tríades dos deuses egípcios (Osíris,
    Ísis e Hórus, ou Amon, Mut e Jons) consolidam-se e mantêm-se no conceito trinitário do seu
    deus. Egito, inicialmente isolado pelo deserto e pelos terrenos pantanosos do Delta, abre-se
    aos gregos e aos romanos e, através de Roma, a sua última dominadora, após a guerra entre os
    dois grandes rivais na luta pelo Império, Julius Caesar e Marcus Antonius, junto de Cleópatra,
    a rainha grega dos últimos dias da sua existê ncia independente e grandiosa, termina por
    exportar para o Oriente próximo e para o Ocidente inteiro a base do seu ideário mítico,
    quando parece que o seu poder já se extinguiu para sempre.
    posted by iSygrun Woelundr @ 10:00 PM   3 comments
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